Certo dia, estávamos na escola, quando ele se aproximou de mim e me beijou na frente de todo mundo.
- Cauã, você esta maluco?
- Amor, todo mundo já sabe que estamos juntos!
- Você contou?
- Eu não, mas a Carla ja espalhou pra todos!
- Ai meu Deus!
- Não dá em nada... É até melhor, porque assim não temos que esconder mais.
De repente, Rick se aproximou de nós:
- Ei, Luíza... Tudo bem?
- Tudo sim, Rick e você?
- Estou bem... Vai fazer o que quinta a noite?
- Acho que nada, por quê?
- Quer ir no cinema comigo?
Fiquei roxa e nem consegui olhar para o Cauã, que disse:
- Ela não vai poder ir com você, por que ela namora comigo. Então, não pega bem ela sair com você!
- Ué, não estou entendendo mais nada! Você não namora com a Carla?
- Nós não estamos juntos mais. Você sabe que eu amo a Luíza, e agora que ela voltou de viagem, resolvemos ficar juntos!
- Ah, me desculpe... Eu não sabia, cara! Boa sorte no namoro!
Ele ficou totalmente sem graça e saiu sem que Cauã tivesse a oportunidade de responde-lo.
O sinal bateu pra gente voltar pras salas. E foi assim quase todos os dias: Íamos para a escola, saíamos com a galera pra lanchar, ir ao cinema, quando eu não estava na casa de Cauã, ele estava na minha. Bia estava cada dia mais firme com o Paulo, Rick ia se recuperando, a vida ia passando eu achava que minha vida estava completa. Mas tudo aconteceu de uma vez e de novo, me vi vivendo um pesadelo.
Duas semanas se passaram e Cauã estava na minha casa. Estávamos na sala vendo televisão, quando a campainha tocou. Meus pais havia saído a pouco tempo, então imaginei que era minha mãe que havia esquecido as chaves.
Quando abri a porta, me surpreendi ao ver... Carla.
- Oi Luíza, tudo bom? Desculpa vir até sua casa, mas é que eu preciso muito falar com o Cauã. Passei na casa dele e me informaram que ele estava aqui. Posso falar com ele?
- Oi, Carla. Estou bem... Ah, claro. Entre!
- Não, obrigada. Vou ficar aqui fora mesmo. Você pode chamar ele pra mim?
- Tudo bem, espera um pouco.
Me virei de costas pra ele e gritei Cauã.
- Cauã, visita pra você!
- Pra mim? Quem é amor? - ele respondeu.
- É a Carla!
Ele olhou pra mim meio espantado, levantou - se do sofá e veio até a mim. Ficou em pé, ao meu lado, junto a porta.
- Oi Carla, estava me procurando?
- Sim. Preciso ter uma conversa muito séria com você!
- O que aconteceu?
- Será que podemos conversar a sós? O assunto é importante!
Eu ia me retirar, quando Cauã me segurou e disse:
- Não precisa sair, amor. Carla, não tenho nada para esconder da Luíza. Tudo o que você me disser aqui, ela vai ficar sabendo,então não vai fazer diferença se ela vai ouvir de mim ou de você!
- Tudo bem, seja como quiser...
- Entra Carla, acho que vocês ficarão mais a vontades aqui dentro. - eu disse.
Ela entrou, fechei a porta e a convidei para sentar. Sentamos na mesa da cozinha e ela colocou um envelope sobre a mesa. Eu e Cauã nos olhamos, sem entender muita coisa. Cauã começou:
- E então, Carla, o que é de tão importante assim que você quer falar comigo?
Eu senti que ela estava um pouco assustada e muito nervosa. Ela tremia, eu me levantei e peguei um copo com agua pra ela. Ela, então, começou a desengasgar:
- Nós temos um problemão!
- Como assim, " um problemão" ? Que tipo de problema?
- Eu estou grávida!
Na hora eu paralisei e parecia que o sangue de Cauã havia evaporado, pois ele estava mais branco que uma vela.
- Como assim, grávida?
- Ora," como assim"? Estou esperando um filho seu! Ainda não contei para os meus pais. Na verdade, a unica pessoa que sabia ate agora era a Samara. Ela foi na clinica comigo fazer o exame. E aqui esta ele...
Ela empurrou o envelope que estava sobre a mesa até Cauã e continuou:
- A minha menstruação atrasou, mas achei normal, pois ela as vezes atrasava um ou dois dias no maximo. Só que dessa vez, ela atrasou uma semana e isso nunca aconteceu. Comecei a me preocupar e pra tirar minha duvida, resolvi fazer um teste de farmácia. O resultado foi positivo! Eu não acreditei, fiquei desesperada e dai fui na clinica para confirmar e o resto você já sabe...
Ficamos em silencio por um tempo, logo depois, Carla começou a chorar. Cauã levantou da cadeira, desesperado com as mãos na cabeça:
- Como pôde fazer isso comigo, Carla? Você acabou com a minha vida! Eu não tenho nem um emprego pra sustentar essa criança. Meus pais vão me matar!
- Você acha que eu fiz isso de propósito? Acha que eu quero essa criança? Acha que meus pais vão aceitar isso numa boa?
- Calma, gente! Discutir agora não vai adiantar nada. A besteira ja esta feita, agora vocês tem que assumir a responsabilidade e não fazerem outra besteira. A criança não tem culpa da irresponsabilidade de vocês dois! - eu disse.
- Você disse que estava tomando remédio! - disse Cauã.
- E você disse que transar uma vez sem camisinha não tinha problema!
- Não tinha problema se você estivesse tomando o remédio, sua burra!
- Não me chama de burra!
- E o que você pretende fazer?
- Eu vou tirar, claro!
- Você esta maluca? Você não vai matar o meu filho! Já fizemos a merda, agora é suportar as consequencias...
- Por que não é você que vai ficar gorda, com tudo caído, cheia de estrias, ouvindo criança chorando no ouvido a noite toda!
- Deixa de ser infantil !
Cauã respirou fundo.
- Nem pense em tirar essa criança ou eu vou ser o primeiro a te denunciar!
- Olha, eu já ouvi demais. Vou deixar vocês conversarem sozinhos.
- Não amor, fica aqui comigo, por favor!
- Eu não quero! Já me enchi de ouvir vocês discutindo!
Levantei da mesa, Cauã tentou segurar meu braço, mas eu o empurrei e subi para o meu quarto.
- Cauã, passa na minha casa amanha pra gente conversar melhor. Acho que já esta tarde para continuarmos essa conversa.
- Tudo bem, Carla. Boa noite.
- Boa noite, Cauã.
Ele a levou até a porta e subiu para o meu quarto. Quando ele abriu a porta, me viu chorando.
- Amor, me desculpa. Eu não tive culpa. Para de chorar!
- Para de ficar se desculpando. E para de dizer que não teve culpa. Ninguém se engravida sozinha. Foi irresponsabilidade dos dois. E quer saber? Pra mim chega! Cansei dessa história, cansei da Carla, cansei de sofrer por causa de vocês dois.
- O que quer dizer com isso, Luíza?
- Que estou terminando com você! Vai ser melhor pra todo mundo. Você vai poder esfriar a cabeça e resolver melhor essa história.
- Deixa de ser assim, Luíza... Na primeira dificuldade, no primeiro problema, você joga tudo pro alto. Quer terminar tudo. Dê uma chance pra nós dois,uma chance pra gente ser feliz. Logo agora que estávamos indo tão bem... - Agora tudo mudou, Cauã. Quando essa criança nascer, você vai ver que nós não temos mais nada a ver um com o outro. Não pela criança, por que eu amo criança e quando ela engravidou, a gente não estava juntos. Mas por que ela vai entrar nas nossas vidas e pelo o que eu conheço da Carla, ela vai usar a criança pra se aproximar de você ou para infernizar a minha vida. E eu não vou aguentar isso, não estou preparada pra isso. No final, ela não vai estar errada, por que fui eu quem chegou e separou vocês dois.
Ele tentou argumentar, mas eu o interrompi:
- Melhor você ir pra casa e me deixar sozinha!
- Mas Luíza...
- Por favor, estou te pedindo... Vai embora!
Eu me aproximei dele, dei um beijo em seu rosto e disse em seu ouvido:
- Eu te amo!
Ele quis continuar:
- Então por que não fica comigo?
- Eu ja te expliquei. Não vamos começar esse assunto novamente...
- Tudo bem!
Ele saiu pela minha porta e eu comecei a chorar. Era um sonho que, mesmo antes de começar, já havia terminado. Eu sentia raiva da Carla, do Cauã e de mim mesma...
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