terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Continuação...

  - Obrigada meu bem, irei falar com ela. –
Disse Luzia.
  - Cauã pode me ajudar a levar os
refrigerantes?
 Ele se despediu dos pais de Luiza e seguiu Bia
pelo corredor que dava até a cozinha. Pegou os refrigerantes gelados do freezer
e colocou sobre a mesa. Depois começou a encher os copos que Bia espalhava
sobre a bandeja. Até que ele disse:
  - Achei muito bom os pais de Luiza terem
vindo.
 Bia se assustou:
  - Não te incomoda vê-los aqui?
  - Claro que não! Porque incomodaria? Tenho-os
como se fossem meus segundos pais.
  - Sei lá, eu pensava que sim. Por isso não
tive coragem de te contar que eles viriam. Eles são uma lembrança muito próxima
e viva da Luiza, então...
  - Mana, se eu fosse correr de tudo que me faz
lembrar ela, vou ter que me internar em um sanatório...
  - Mas você fez praticamente isso!
 Cauã parou por um minuto e olhou para Bia.
  - Me desculpa, não queria dizer isso.
  - Relaxa, vamos curtir a festa.
Ele colocou alguns copos na bandeja e foi
servir os convidados. Ao sair da cozinha, avistou Alice do outro lado da área,
próximo ao portão maior. Ela também o viu, mas como num piscar de olhos, ela
desapareceu.
 Ele começou a suar frio. Definitivamente ela
conseguia mexer com ele, ele só não entendia o porquê. Continuou a servir os
refrigerantes, e após todos estarem servidos pegou o seu próprio copo e sentou
sozinho numa mesa aos fundos do quintal.
  - Você está fugindo de mim? – Perguntou Alice
surgindo do nada.
 Cauã tomou um susto tão grande que até se
engasgou com o refrigerante.
  - Fugir de você? Por quê?
  - Bom, não aparece mais lá no parquinho,
quando está no quintal e me vê sair corre para dentro de casa novamente e hoje
evitou falar comigo o tempo todo.
  - Acho que está enganada, é apenas impressão
sua.
  - Tem certeza? Foi por causa do que aconteceu
lá no parque? Porque se foi...
  Cauã a interrompe:
  - Já disse que é apenas uma impressão sua.
  - Tudo bem! Então se não há nada demais, não
se importa se eu sentar aqui com você não é?
 - Fique a vontade... – Disse Cauã já
vermelho.
 Ao sentar-se ela continuou:
  - Bom, vamos começar do zero então. Como está
no seminário?
  - Daqui a alguns meses será o meu juramento,
e aí acaba tudo. Começo a atuar como padre de verdade.
  - E é isso mesmo que você quer?
  - Acredito que sim, senão não gastaria três
anos da minha vida com isso.
  - Entendo, também vou ter que tomar uma
decisão muito séria daqui a alguns meses. Vou me casar.
 Cauã tornou a se engasgar com o refrigerante.
Alice sorriu.
  - Que maravilha, que Deus abençoe a união de
vocês!
  - Obrigada. – Respondeu ela desanimada.
  - Desculpa, mas não estou sentindo você muito
feliz com esse casamento.
  - Na verdade ainda não sei se é isso mesmo
que eu quero.
  - Como assim?  
- Meus pais são amigos dos pais dele, e fazem
uma
  pressão enorme para eu casar com
ele. No começo era o que eu queria, mas com o passar do tempo fui percebendo que
era o que eles queriam pra mim. E isso me sufoca, até porque não tenho ninguém
pra conversar sobre isso. A Bia já tem problemas demais pra eu incomodá-la com
os meus.
 De repente ela parou e caiu em si:
  - Jesus, me desculpe Cauã acabei falando sem
parar e te enchendo com isso.

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