sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Continuação...

***

Todo ano a minha familia e a do Cauã se juntavam para comemorar o natal. 
Eu, Bia e ele combinamos de irmos juntos comprar os presentes. Quando faltavam apenas uma semana, fomos ao shopping.
Rodamos quase todas as lojas, aprontamos bastante e depois de comprar todos os presentes, nos separamos para comprar os presentes um do outro. Após terminarmos, nos encontramos na praça de alimentação. Estávamos cheios de sacolas.
  Fiquei um pouco zonza e Bia me ajudou a sentar em uma cadeira da praça. Logo depois que meu pai saiu de casa, comecei a passar mal, me sentia fraca e com tonturas cada vez mais frequentes. Minha mãe disse que era emocional  e também a falta que ele estava fazendo. No fundo, ela também estava sofrendo, mesmo não querendo demonstrar.
  - Luíza, o que esta acontecendo com você? Está pálida, sem cor nenhuma, tremendo sem parar. Você precisa procurar um médico!
  - Não precisa de médico,estou bem. Só estou assim por que me estressei muito nesses últimos dias. Isso tudo acabou mexendo com o meu emocional. Fiquei sem comer direito, daí minha pressão deve ter caído. Foi só isso...
  - Tem certeza? Estou começando a concordar com a minha irmã...- disse Cauã.
  - Relaxa gente, esta tudo bem! Não se preocupem. Vamos embora?
  Voltamos para casa. Esse ano iriamos ter uma festa de natal em dose dupla. Iriamos comemorar o aniversario de 2 anos do Pedrinho, irmão da Bia.
  Cheguei em casa com os presentes e coloquei os presentes na árvore e fui tomar banho.  Ao sair do banho, percebi que escorria algo no meu nariz. Ao olhar no espelho, vi que era sangue. Minha alergia estava piorando. Maldita Renite!
( ... )

O natal havia chegado e já tinha muita gente reunida na minha casa. Como nossas familias já se conheciam á anos, estavam mais que a vontades uns com os outros.
Eu estava sentada no sofá, apoiada no ombro de Cauã, conversando com ele e Bia quando meu pai chegou e ainda teve a cara de pau de trazer com ele a sua namoradinha.  Eu fiquei olhando aquela cena sem acreditar, enquanto ele cumprimentava á todos. Ele veio na minha direção, segurando um presente. Eu me levantei:
  - Ei filha...Eu trouxe um presente pra você! - disse ele com um sorriso meio escondido no rosto.
  Eu não aguentava nem olhar pra ele. Virei as costas e deixei ele com a mão estendida, segurando o embrulho. De repente, me virei novamente e disse:
  - Como pode ter a cara de pau de vir até aqui passar o natal com a gente? Natal é símbolo de amor, família,fraternidade. Você sabe o que significa isso? Age como se ainda fosse da família, como se nada tivesse acontecido, como se fosse a vítima da história. Trai a mim e a minha mãe e ainda trás essa vagabunda aqui com você? Já não bastar ter estragado nossas vidas, quer estragar nosso natal também?
  - Calma filha, não faz assim! - disse minha mãe.
  - Calma nada, mãe! Ele tem que ouvir tudo mesmo, pra ver se aprende!  Não sei como ainda tem coragem de sorrir pra mim e ainda trazer um presente! Acha que vai me comprar com isso? Que me trazendo um presente, eu vou esquecer tudo o que você fez?
  - Eu não ia trazer ela, Luíza. Mas ela insistiu muito, por que iria passar sozinha. E eu não estou tentando te comprar com nada. - disse meu pai.
 - É verdade,Luíza. Eu pedi pra vir, seu pai não tem culpa! - disse a namoradinha dele.
  - Cala essa boca! Não era pra você nem estar aqui dentro da minha casa, quanto mais estar falando!
  - Chega,Luíza. Você já passou dos limites! Entendo que esteja com raiva, mas ainda sou seu pai e você tem que me respeitar.
  - Quem é você pra falar alguma coisa de respeito? Você teve algum por mim ou pela minha mãe? E tem mais uma coisa: Você se engana quando ainda acredita que é meu pai. Por que o meu pai MORREU pra mim a partir do dia que saiu por aquela porta! - eu gritava.
  Cauã me pegou pelo braço e me empurrou até a cozinha. Notei que todos me olhavam assustados. Bia veio atrás de mim e Cauã, atrás do meu pai.
  - Olha, senhor Roberto, não liga pra Luíza, Ela só esta um pouco nervosa.
  - Obrigado Cauã. Estou indo embora, só vim mesmo trazer o presente dela e agora mais do que nunca, não tem clima pra eu ficar aqui. Pode entregar á ela?
  - Mas...
  - Esta tudo bem. Ela tem razão, eu nem devia ter vindo! 
  Ele ia saindo, quando parou novamente e disse:
  - Obrigado mais uma vez.Você é um ótimo rapaz e eu me orgulho de você! Eu fico muito feliz por saber que é você a pessoa que ela escolheu. E por saber que o amor dela é correspondido.
  - Como o senhor sabe? - perguntou Cauã assustado.
  - Cauã, eu já sou um Homem. Sei quando um relacionamento ja passou da amizade pra um amor. Foi assim comigo e a mãe da Luíza. Só cuida bem da minha filha por mim.
  - Pode ter certeza que vou cuidar!
 Ele deu uns tapinhas no ombro de Cauã e foi embora. Enquanto isso, eu conversava com Bia na cozinha.
 - Acalme-se amiga. O que deu em você? Por que disse tudo aquilo pro seu pai? Enlouqueceu? - disse Bia, pegando um pouco de água com açúcar pra mim. 
  - EU que enlouqueci? Ele trai a minha mãe e ainda traz a cachorra aqui em casa em pleno natal e você ainda diz que EU que enlouqueci?
  - Eu sei amiga,eu te entendo! Sei o que esta sentindo, mas você foi muito dura com ele! Humilhou seu pai na frente de todos. Ele tem seus defeitos, errou, mas todo mundo erra, ninguém é perfeito Luíza. E você esta se esquecendo do principal amiga...
  - Que principal?
  - Ele te ama! Era ele que te buscava na escola, ele que te acobertava da sua mãe, quando a gente aprontava, era ele que te tirava do castigo e te dava sorvete escondido da sua mãe, era ele que te colocava no colo e te fazia carinho até você parar de chorar...
  - Eu fiquei com tanta raiva que não consegui me controlar. Quando vi, já estava falando tudo que estava engasgado a tempos aqui na garganta. 
  - Eu sei, agora limpa essas lágrimas, e vamos voltar para sala. Nada de tristeza, hoje é só alegria. Afinal, é natal! Depois vocês se acertam.
  Ela me abraçou e voltamos para a sala. Sentei no sofá novamente totalmente sem graça. Cauã sentou ao meu lado e disse ao meu ouvido:
  - Esta mais calma?
  - Estou sim, obrigada! - respondi baixinho.
 Depois de algum tempo, começamos a cantar os "parabéns" para Pedrinho. Senti uma tontura muito forte, mais do que as de comum. Tudo começou girar na minha frente e depois não vi mais nada...

Nenhum comentário:

Postar um comentário