Desci e tomei meu café da manhã. Depois fui pra sala e fiquei na frente do telefone pensando se ligava ou não para ele.
- Está esperando alguém ligar, filha? - perguntou minha mãe.
- Por que a pergunta, mãe? - eu ri.
- Desde que tomou café, está ai parada feito uma estátua na frente do telefone!
- Sabe o que é... Lembra do menino que eu te falei? Aquele que eu acho uma gracinha? O Rick.
- O menino que deu a festa ontem?
- Sim, ele mesmo! Ele disse que precisava conversar comigo e pediu pra que eu ligasse. Mas não sei se ligo ou não. Estou com vergonha, mas ao mesmo tempo, super curiosa...
- Então liga! Você só vai descobrir o que ele quer te falar, se ligar pra ele.
- Tem razão!
Peguei o telefone e liguei. Chamou,chamou e nada! Quando eu já ia desligar, alguém atendeu:
- Alô?
- Oi, bom dia! O Rick está?
- Bom dia. Está sim, quem gostaria de falar com ele, por favor?
- É a Luíza. Ele pediu pra que eu ligasse hoje!
- Só um momento, minha querida!
Após uns minutinhos, Rick atendeu. Minha voz travou e minha vontade era de desligar o telefone.
- Alô... Luíza?
Fiquei em silêncio. Eu não conseguia falar. Que ódio!
- Ei, tem alguém ai? - ele insistiu.
Por fim, consegui dizer:
- Oi... Desculpa Rick. Estava ouvindo o que minha mãe estava falando, que nem reparei que já havia chegado.
- Tudo bem... E ai, tudo bem?
- Sim e você?
- Tudo ótimo! Nem acreditei quando minha mãe disse que era você no telefone!
- Ué, por quê?
- Sei lá... Você não me deu muita certeza de que iria me ligar...
- Mas liguei! - respondi sorrindo. - Então, o que quer conversar comigo?
- Bom, não quero falar pelo telefone. Vamos dar uma volta? Podemos dar uma caminhada na praia agora pela manhã, o que acha?
- Hum... Pode ser!
- Beleza. Vou trocar de roupa e daqui a pouco estou passando ai na sua casa.
- Você sabe onde eu moro?
- Sim, ja passei por ai algumas vezes e te vi.
- Então tudo bem! Te espero aqui... Beijos.
- Beijos linda.
Desliguei o telefone e quase dei um treco. Ainda por cima, minha mãe pra me zuar, disse:
- Agora já pode respirar, filha!
Começamos a rir, dei um beijo nela e corri para o meu quarto. Troquei de roupa e fiquei na minha cama esperando. Após algum tempo,ouvi minha campainha tocar. Desci correndo as escadas:
- É pra mim, mãe! - gritei.
Abri a porta e o vi parado no portão de casa. Ele estava lindo, como sempre.Usava uma bermuda azul escuro e uma camiseta branca com um desenho de uma prancha da cor verde claro.Consegui desengasgar algumas palavras:
- Oi Rick, quer entrar?
- Oi Luíza. Não, obrigado.Por que não vamos andando?
- Então tá... Deixa eu só pegar minhas chaves.
Peguei as chaves na mesinha da sala e gritei:
- Estou saindo mãe!
Fomos caminhando para a praia. Ele mascava chiclete e me ofereceu um. Eu aceitei. Comecei a fazer algumas bolas e estourava. Aquele silêncio estava me matando. Quando chegamos, nos sentamos na areia e começamos a conversar:
- Minha mãe quase pirou quando viu a bagunça lá em casa hoje!
- Jura? Meu Deus... Também, o tanto de gente que tinha lá ontem, a bagunça não deve ter sido pequena né?
- Pois é, mas até que valeu a pena! Ajudei arrumjar algumas coisas pra ela não falar muito, mas o resto deixei com a empregada mesmo! Na hora que você me ligou, eu estava limpando a piscina. E estava me lembrando de você...
- Serio? Pensando em que?
- Sim, por causa daquela hora que você estava sozinha lá. Parecia que estava esperando por alguém.
- E estava mesmo... A Bia! Que me largou lá pra conversar com uns amigos. E aquela piscina parece ser tudo de bom num dia de sol né?
- Você gosta?
- Gosto mais de piscina e cachoeiras do que de praia!
- Fala sério... eu gosto mais de praia. Amo surfar! Mas já que gosta tanto assim de piscina, está mais que convidada pra passar um domingo lá. Pode chamar quem você quiser pra ir com você!
- Não precisa se incomodar,Rick.
- Que isso... Faço questão. Vai recusar meu convite?
- Então está certo... Qualquer dia, combinamos direitinho! - eu ri.
- Quero só ver! - ele também sorriu.
Ficamos um pouco em silêncio de novo, observando as ondas batendo em umas pedras próximas a areia e algumas pessoas que caminhavam. Finalmente, ele disse:
- Há tempos que venho reparando em você, sabia?
Quase tive um treco:
- Sério? Nunca percebi!
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