sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Continuação...

 - Pois é, realmente teve complicações e também uma hemorragia e ela não resistiu. E desde então, eu cuido da pequena.
  - Eu sei muito bem como é perder uma pessoa que a gente ama.
  - É muito ruim mesmo, mas com o tempo a gente supera. A gente só não pode deixar essa dor nos dominar. Temos tantas coisas ainda para descobrir, viver, temos tantas pessoas que ainda dependem de nós. E particularmente, a Laura é tudo pra mim. 
  - Imagino!
 A comida chegou e o silencio permaneceu um pouco pela mesa. Alice não parava de beber vinho.
  - Adoro esse vinho!
  - Não acha que deveria ir um pouco mais devagar?
  - Não se preocupe, Cauã. Não vou ficar bêbada.
  - Mesmo assim,é melhor maneirar um pouco.
  - Esta bem... Cauã, Bia não fala nada com você por sair comigo?
  - Não, por que ela iria falar?
  - Sei lá, nunca fui muito de sair com homens e nem tive muitos amigos,pra falar a verdade! Meu pai era um pouco controlador, ai já viu! Quando saio com algum homem, fico com essas neuroses na cabeça, pensando no que os outros podem falar, pensar... Mas não liga!
  - Entendo! E seu noivo?
  - O que tem ele?
  - Sabe que você esta aqui comigo?
  - Claro que sim!
  - E ele não disse nada?
  - Fala serio, Cauã. Você vai virar padre, qual risco ele iria correr? 
  Cauã começou a rir junto com Alice.
  - Tem razão! Acho que ja esta na hora de irmos...
 - É, esta um pouco tarde. Amanhã tenho que abrir a loja!
  Ela se levantou, Cauã foi atrás e apressou-se em pagar a conta novamente.
  - Que palhaçada é essa, Cauã? Eu que te convidei para vir, não tinha o porquê você pagar a conta!
  - Até parece que eu iria deixar você pagar alguma coisa aqui.
  - Você é ridiculo! - disse Alice rindo.
 Se despediram de Henrique e entraram no carro.
  - Cauã, quer dirigir? Não estou muito bem para ir dirigindo.
  - Eu te avisei para maneirar no vinho!
  - Não me dá sermão agora, só dirige! 
  - Acontece, senhorita, que eu não sei voltar sozinho. Não conheço o caminho!
  - Eu vou guiando você. Não se preocupe!
  Cauã ligou o carro e seguiram de volta para casa. Alice ligou o som do carro e de repente começou tocar uma musica mais antiga.
  - Ai meu Deus, eu amo essa musica! 
  - Você conhece essa musica?
  - Segredos, do RL? Foi meu tema na adolescencia! - ela riu,
  - Eu tocava ela no violão!
- Jura?
  - Sim. - ele sorriu.
  - Canta comigo, Cauã?
  - Alice, não posso fazer isso...
  - Só um pouco, ninguém vai morrer por causa disso! 
  - Por favor, não posso cantar esse tipo de musica!
  - Por favor, só um trecho!
  Cauã cantou um pedaço da musica com ela e a volta pra casa foi bem descontraida. Ao chegar na casa de Alice, ele parou com o carro.
  - Chegamos, senhorita. Hora de descansar! 
  - Poxa, passou tão rápido. Só de pensar que eu amanhã tenho milhões de coisas pra resolver...
  - Obrigada pela noite, Alice! - disse ele, interrompendo-a.
 Ela o olhou e parou de falar no mesmo instante. Ele continuou:
  - Me divertir muito hoje! Obrigado de verdade. Estava precisando disso outra vez! 
  - E que agradeço pela companhia. Boa noite! 
  Alice se aproximou dele e o beijou. Ele a retribuiu. Se beijaram intensamente por alguns instantes, até que ela a empurrou e desceu do carro. Alice desceu em seguida.
  - Cauã, espera!

Continuação...

  - Obrigada! Qualquer dia te levo lá pra conhecê-la.
  - Será um prazer!
  - Mas e então,o que vamos comer?
  - Bom, como é a primeira vez que eu venho aqui, vou deixar você escolher. O que me sugere?
  - Hum, que tal um capeletti de frango?
  - Por mim, tudo bem!
  - E pra acompanhar, um vinho tinto suave.
  - Eu vou optar por um suco de manga!
  - Esqueci que você não bebe. Importa-se se eu tomar um vinho?
  - Claro que não, fique a vontade!
 Alice chamou o garçom e fez o pedido. Alguns minutos depois, trouxeram o vinho e o suco. Eles brindaram:
  - Um brinde á decisão mais doida que eu ja vi, tornando-se uma vida monótona e previsível para o resto da vida, onde não se encontra mais o amor! 
  - Um brinde ao casamento arranjado,criado por pessoas que tomam conta da vida de alguém sem poder ter o direito de escolha, onde não se encontra mais o amor! 
Alice sorriu, mas ao mesmo tempo, ficou seria de novo.
  - Gosto de conversar com você, me sinto bem quando você esta por perto. Até meus problemas se tornam piadas perto de você. Acho que talvez você esteja certo... Talvez essa seja realmente seu caminhos, sua vocação! 
  - Obrigado, Alice! - disse Cauã pegando na sua mão. - Eu também me sinto bem quando estou com você! Por isso que repito: Se você realmente gosta do seu noivo, se case sem medo de ser feliz. Agora se você não o ama, não estrague sua vida só porque seus pais querem isso pra você!
  - Eu o amo! Pelo menos é o que eu acho! Vou tentar dar o melhor de mim pra que a gente tenha uma boa relação.
  - Você não pode simplesmente achar, você tem que ter certeza! Essa é uma decisão muito seria e importante pra você somente achar! 
  - Eu sei, eu sei! Vamos dar tempo ao tempo,está bem? Vamos esquecer um pouco disso, viemos aqui para nos distrair e não ficar falando dessas coisas.
  - Você tem razão! Me conta, porque decidiu por veterinária?
  - Sempre amei animais. Quando eu era pequena, ia para a fazenda do meu pai e passava a maior parte do tempo com os cavalos e os outros animais. Enfim, é a minha paixão! - ela riu.- E também, não sei se você percebeu, não sou muito com com as palavras e com as pessoas...
  - Claro que não, acho você uma pessoa super simpática! 
  - Obrigada! E você? Não tinha vontade de seguir em nenhuma profissão?
  - Sim. Acho que todo mundo né? Eu tinha vontade de fazer medicina,ser cardiologista! Até passe na faculdade, mas depois que a Luíza morreu...
  Cauã parou de falar. Olhou para Alice e percebeu que ela não tirava o olho dele.
  - Depois que ela morreu, decidi abandonar tudo e ir para o seminário! - concluiu.
  - E você acha que foi a decisão certa?
  - Tenho certeza que sim! Mas me conta, como foi a sua história com a Laura?
  - Eu e Mariana nos conhecemos quando tinhamos 15 anos. Ela era nova na escola e entrou na minha sala, na época.Ficamos muito unidas, quando entramos para o 2º Grau, ela conheceu o Henrique e eles namoraram o ensino médio todo. Assim que entraram para a Faculdade,Henrique pediu ela em casamento. Ficaram pouco tempo noivos e depois se casaram. Cinco meses depois, ela descobriu que estava grávida e me convidaram para ser madrinha.
  - História bacana.
  - Quando chegou o grande dia, a gente ficou super nervosos. O médico já havia nos alertado que poderia ter complicações por causa da pressão dela. Então ela me pediu que, se acontecesse alguma coisa com ela, que era pra eu cuidar da Laurinha...
  - É complicado! 

Continuação...

Alice e Cauã sairam de casa  e entraram no carro. Ela começou a dirigir e até pegarem uma estradinha de chão, o silencio pairava no carro. Até que Cauã perguntou:
  - Pra onde estamos indo?
  - Relaxa, não vou matar você! 
  - Vai saber... Nunca mais tomo qualquer coisa com você naquela lanchonete! 
  - Já disse, relaxa! Você é muito esquentadinho...
 Após alguns minutos, Alice parou o carro. Eles desceram e ele pôde observar que era um restaurante simples, mas bem aconchegante. Ao entrarem,ele reparou que era bem organizado e aos fundos tinha uma lareira que aquecia todo o interior do restaurante. Ele só achava estranho o fato do restaurante ser um pouco afastado da cidade. A parede que ficava no fundo do lugar era de vidro e ele viu, através dela,que havia um grande lago do lado de fora. Era bastante iluminado.
  Um homem veio ate eles, deu um beijo no rosto de Alice e cumprimentou Cauã com um aperto de mão.
  - Boa noite!
  - Cauã, esse é o Henrique, dono do restaurante e pai da Laura. Henrique, esse aqui é Cauã,irmão da Beatriz e colega meu.
  - Muito prazer! - disse Cauã;
  - Muito prazer, Cauã. Seja bem-vindo ao meu restaurante.
  - Obrigado!
 - Ja sabem onde vão se sentar?
  - Quero uma aos fundos, pra ver a vista melhor... - disse Alice.
  - Temos aquela ali perto da lareira. - disse Henrique, apontando para a mesa.
  - Aquela esta ótima! Tudo bem pra você, Cauã?
  - Claro...
  - Vamos por aqui.. - disse Henrique, conduzindo-os ate a mesa.
 Eles se sentaram e Henrique os entregou os cardápios.
  - Podem ficar a vontade! Qualquer coisa é só me chamarem. Com licença.
  - Obrigado! - responderam os dois.
  Ele se retirou enquanto eles analisavam o cardápio.
  - Aqui deve ser lindo durante o dia. - Disse Cauã,olhando pela parede de vidro.
  - Nossa, você não tem ideia. Aqui é fantastico! 
  - Imagino que sim.
  - Esta vendo aquela pequena casa do outro lado do lago? - disse ela, apontando pelo vidro.
  - Sim, o que tem ela?
  - Desde criança,eu era apaixonada por ela. Sempre que minha mãe me trazia num rancho aqui perto,eu ficava parada olhando pra ela e fantasiando histórias que eu gostaria de viver ali. Até que ela se transformou na minha fabrica de sonhos. Quando eu entrei para o meu primeiro emprego,comecei a juntar todo o dinheiro que eu pude e aí, no começo desse ano, a comprei pra mim.
  - Que legal! Ela deve ser muito especial mesmo.
  - Sim, muito. Afinal, foi minha primeira conquista. Ainda vou terminar de dar umas reformas nela.
  - Fico feliz por você! 

Continuação...

 - Você fica tão lindo dormindo, que fiquei com pena de te acordar!
Cauã ficou totalmente sem jeito, seu rosto avermelhou-se:
  - Isso são coisas de dizer, Alice? O que colocaram no seu cappuccino hoje de manhã?
  - É verdade,oras! Mas e ai... Vamos sair ou não?
  - Vamos! Deixa eu só tomar um banho e já te encontro!
  - Tudo bem, vou te esperar lá na sala.
  - Ainda bem! Achei que iria me esperar no banheiro!
  - Até que não é uma má ideia... - disse ela sorrindo.
  - ALICE!!!
  - Brincadeira, brincadeira. Já estou indo!
  Alice foi para a sala e se sentou ao lado de Bia.
  - Consegui falar com ele, Bia.
  - Eu percebi... Ele esta vivo ainda? - perguntou Bia sorrindo.
  - Como assim?
  - Pelos gritos dele, imaginei que você estivesse tentando matá-lo!
  Alice sorriu:
  - Ele se assustou quando me viu no quarto.
  - É, imagino. Já faz um tempo que uma mulher não entra no quarto dele. Vocês vão sair?
  - Sim, vamos comer alguma coisa! 
- Que bom! O Cauã não sai mais, só fica dentro de casa. É bom ter uma amiga pra se distrair um pouco!
  - É verdade! Vamos com a gente?
  - Obrigada, mas não posso! Vai ter que ficar pra próxima...
  - Poxa, por quê?
  - Estou com visitas em casa, não posso deixar Paulo sozinho com elas.
  - Entendi. Mas você também precisa se distrair! Quase não sai, fica só entre casa e faculdade!
  - Ai ai amiga. Depois que você casar, irá ver que suas prioridades serão outras e quando se tornar mãe, então, pode esquecer vida social!
  As duas riram e bateram um papo por alguns minutos.
  - Cauã esta demorando. Será que esta tudo bem?
  - Ih, aquele ali é pior que mulher pra se arrumar. Demora uma eternidade...
  Mal acabaram de falar, Cauã apareceu pelo corredor.
  - Falando de mim? Peguei as duas no flagra! - ele riu.
  - A gente estava falando sobre sua lerdeza pra se arrumar... - disse Bia.
  Os tres riram.
  - Podemos ir, Cauã?
  - Claro, vamos?
  Alice pegou sua bolsa e as chaves do carro.
  - Até mais Bia!
  - Tchau gente. Divirtam-se! 
  - Tchau mana.

Continuação...

Mal havia acabado de escurecer, Alice chegou na casa de Bia.
  - Olá, amiga. Como esta?
  - Ei Alice. Estou ótima e você?
  - Também estou bem, Bia.
  - Como andam os preparativos para o casamento?
  - Esta numa correria só. Acabei de chegar do cartório com o Gustavo. Desde cedo que estou mexendo com isso, perdi minha folga toda! Fui umas três vezes lá hoje,mas conseguimos dar entradas nos ultimos papéis. Graças a Deus deu tudo certo, agora é só esperar!
  - Que bom amiga, fico feliz que tudo esteja saindo bem!
  - Obrigada amiga... Aqui, o Cauã esta ai?
  - Acho que sim! Ele foi para o quarto arrumar umas coisas mais cedo, mas não o vi voltar. Não sei se ele saiu ou se esta lá ainda.
  - Hum. Poderia chamar ele pra mim, se ainda estiver no quarto?
  - Pode ir lá chamá-lo. O quarto é o segundo á direita! 
  - Obrigada. Com licença! 
 Alice entrou pelo corredor, passou pelo primeiro quarto e ao chegar no de Cauã, percebeu a porta entreaberta. Ela abriu devagar a porta e viu Cauã dormindo sobre a cama.
  " Como ele é lindo! Uma pena querer virar padre..." - ela pensou consigo mesma. 
Aproximou-se dele e se abaixou. Passou a mão pelos cabelos suados do rosto dele. Não conseguia parar de admirá-lo. Tomou um susto quando ele abriu os olhos e deu de cara com ela ajoelhada no chão. Cauã levantou-se num pulo.
  - O que esta fazendo aqui, Alice?
  - Meu Deus, Cauã! Que susto você me deu! - disse ela, caida no chão.
  - Eu te dei um susto?? - disse Cauã quase passando pelo outro lado da parede. - Você entra no meu quarto, não fala nada e quando acordo, dou de cara com você igual uma doida olhando pra mim e você diz que eu te assustei ainda???
  - Não grita comigo! - disse ela se levantando do chão.
  - O que faz aqui?
  - Primeiro, sai dessa parede, porque esta parecendo uma lagartixa ai... Desculpa por assustá-lo! Passei aqui pra te chamar, pois marcamos de sair pra jantar, esqueceu?
  - Não esqueci! Mas porque não ligou pra cá?
  - Ah, tinha passado em casa para tomar um banho, então resolvi vir pessoalmente. E foi a Bia que falou pra eu vir até aqui no quarto te chamar.
  - Bia só me arruma confusão! E por que não me chamou? Ficou parada ai feito uma doida me olhando... Quase me matou de susto!

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Continuação...

  - Eu me acostumo depois. Hoje em dia a
maioria dos casais vive mais pela acomodação do que pelo sentimento.
  - E é por isso que o índice de divórcios esta
tão grande!
O celular de
Alice tocou:
  - Ei amor... Estou tomando um café com um amigo,
por que? Ah, sim... Estou indo agora! Beijos, também te amo!
 Ela desligou o celular.
  - Desculpa Cauã, mas vou ter que ir. Gustavo
precisa que eu vá ao cartório com ele entregar os documentos que estava faltando...
Para marcamos a data do casamento.
  - É isso mesmo que você quer?
  - Pra ser sincera, era sim... Mas de uns dias
pra cá, não sei mais o que eu quero.
  - Como assim?
  - Esquece! – disse ela levantando-se da mesa-
Vou ter dar uma carona, depois vou para o cartório.
  - Não precisa Alice. Não quero incomodar!
Obrigado.
  - Para com isso, é claro que você não me
incomoda!
  - Mesmo assim, agradeço! Prefiro ir andando,
fazer uma caminhada...
  - Então esta certo, vamos?
  - Claro!
 Foram em direção ao caixa, Cauã apressou-se em
pagar a conta.
  - Que isso Cauã? Me deixa pagar pelo menos a
minha parte.
  - Claro que não, eu que a convidei, fiz mais
que a minha obrigação. Fica pra próxima.
  - Tudo bem! – disse ela sorrindo.
Pegaram as
coisas e foram em direção á porta. Já na rua, em frente ao carro, Alice
completa:
  - Se eu não chegar muita tarde hoje, quer
sair pra comer alguma coisa comigo a noite?
  - Claro! Qualquer coisa liga para a casa de
Bia.
  - Fechado! Tem certeza que não quer uma
carona?
  - Tenho
sim, obrigado!
  - Tudo bem, então... Até mais tarde!
  - Até...
Alice entrou no carro e foi embora. Cauã começou a andar de volta pra casa de Bia, que ficava alguns quarteirões dali. Em sua cabeça passava mil coisas... Ao chegar, foi surpreendido por Bia:
  - Onde você estava? Por que demorou tanto?
  - Eu estava dando umas voltas, esfriando um pouco a cabeça, pensar na vida....
  - E conseguiu tirar alguma conclusão?
  - Não, mas estou quase lá!
 Os dois sorriram.
  - Onde está a mãe?
  - Saiu com a tia Luzia, mas daqui a pouco estão voltando.
  - Legal, vou para o quarto, tenho que arrumar umas coisas na minha mala.
  - Você já esta pensando em ir embora?
  - Não sei ainda, mas preciso arrumar minha mala. Esta uma bagunça.
  - Se estiver pensando em ir embora, pode eliminar isso da sua cabeça! 
  - Não se preocupe, só vou organizar as coisas! - disse Cauã sorrindo. 
  Ele foi para o quarto e começou a arrumar a mala. Nem se lembrava que havia levado tanta coisa. Assim que terminou, deitou na cama e começou a ler o livro que trouxera na viagem. Acabou adormecendo...

Continuação...

 - Ah, nada demais... Estava por aqui perto e
resolvi passar para fazer uma visita, conhecer a loja. Mas me informaram que a
senhorita não trabalha na segunda- feira!
  - É verdade, só passei aqui para deixar uns
documentos, mas já estou voltando para casa. Quer uma carona?
  - Vai fazer alguma coisa depois que sair
daqui?
  - Nesse frio? É ruim em... Por quê?
  - Quer tomar um café comigo?
  - Está me fazendo um convite, senhor Cauã?
   Ele ficou vermelho e totalmente nervoso.
- Relaxa, é
só uma brincadeira. - Disse Alice caindo na risada. - Espera só um minuto, já
volto!
  Ela entrou na loja e menos de dez minutos,
saiu novamente. Entrou no carro e ficou esperando Cauã entrar. Após uns
minutinhos, deu uma buzinada e abaixou o vidro do carro.
  - Vamos seu padre, entra no carro senão vai
congelar parado ai!
  - Desculpe, achei que estava mexendo em
alguma coisa ai... - disse entrando no carro.
Partiram para
uma lanchonete no centro da cidade. Alice estacionou na única vaga que tinha e
entraram. Cauã ficou envergonhado e começou a se arrepender de ter feito o
convite. Sentaram numa mesa e a garçonete se aproximou:
  - Bom dia já escolheu o que vão pedir?
- Bom dia! Sim, quero uma fatia de bolo de
chocolate e um cappuccino médio.
  - Eu vou querer o mesmo que ela! – completou
Cauã.
 A garçonete se retirou e Alice, como sempre,
começou:
  - E então Cauã, já sabe quando vai embora?
 Ele a encarou.
  - Não que eu queira que você vá embora... Ai
meu Deus!
  - Tudo bem, eu entendi o que quis dizer.
  -
Graças a Deus, não sou muito boa em palavras, por isso escolhi lidar com
animais.
  - Bom, - disse Cauã sorrindo- Por mim, já
teria ido embora, mas você conhece a Bia, não é?
  - Sim, conheço. Nem adianta discutir...
Mudando de assunto, ela vai se formar no final do ano, você vai?
  - Nem sei ainda, vai depender muito de como
vai ficar lá no seminário depois que eu me tonar padre.  Não tenho a mínima idéia pra onde irão me
transferir.
A garçonete
se aproximou, colocando os pedaços do bolo e os cappuccinos sobre a mesa. Os
dois agradeceram, ela se retirou e começaram a comer.
  - As vezes, ainda acho que você vai se
arrepender disso que esta fazendo.
 Cauã a encarou de novo. Ela terminou:
  - Sei lá, você ainda é muito novo. Tem muita
coisa para viver, muitas maneiras de quebrar a cara ainda, mas de acertar
muitos erros também...
  - Eu acho que você ainda vai se arrepender do
que esta fazendo! – Cauã a interrompe.
  - Como é?
  - É isso mesmo que você ouviu!
  - Mas quis dizer o que com isso?
  - Sobre o seu casamento!
  - E porque você acha isso?
  - Como pode casar com um homem, sem nem ao
menos ter certeza do que sente por ele?
  - Você esta certo, mas no final, todos irão
ficar felizes!
  - Menos você!
  - Mas isso não importa...
  - Claro que importa! É isso que você tem que
entender.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Continuação...

- Obrigada
Luzia! Como assim, Bia, “arranjar” uma pra mim?
  - Não se faça de bobo, maninho... Você sabe
exatamente do que estou falando!
  - Acho que não é uma boa hora para
conversamos sobre isso, até por que você sabe exatamente qual é a minha
situação hoje.
  Ele pegou sua xícara e foi para a sala.
  - Cuidado com as brincadeiras, filha!
  - Desculpa mãe. Mas é que não me conformo com
a decisão que ele tomou... A Luiza não iria aceitar isso, não é tia Luzia?
  - Com certeza não, Bia!
  - Viu mãe?
  - Nós também não aceitamos filha. Mas se foi
esse o modo que ele encontrou pra ser feliz, só nos resta apoiá-lo.
As crianças
chegaram em seguida, Bia levou os chocolates, os pães,os bolinhos para a sala e
todos tomavam o café. O dia foi bem divertido, nem viram o tempo passar...
 No outro dia, Cauã foi levar Luiza á escola.
Faltava apenas uma semana para ela entrar de férias. Após deixá-la na escola,
resolveu pegar outra rua e parar no pet shop
de Alice. Não sabia o porquê, mas estava com vontade de vê-la. Ao entrar,
reparou que era bem organizado e pôde perceber aos fundos, o seu consultório.
Um funcionário veio ate ele:
  - Bom dia, senhor. Posso ajudá-lo?
  - Bom dia! – disse Cauã um pouco meio sem jeito.
- A veterinária Alice está?
 - Não senhor! Ela não trabalha ás segundas-
feira. Seria só com ela mesmo?
  - Sim, obrigado!
  Ele terminou de dizer e saiu da loja. Na rua,
parou em frente á porta e ficou resmungando para si mesmo:
  - O que eu vim fazer aqui? Você é louco,
Cauã? O que iria dizer á ela? Graças á Deus ela não estava.
Cauã foi
surpreendido com uma voz:
  - Está tudo bem com você, Cauã?
Quando ele
levantou a cabeça, tomou um susto enorme:
  - Alice? O que você esta fazendo aqui?
  Ela começou a rir:
  - Bom essa é a minha loja... O que você esta
fazendo aqui?

Continuação...

                         ***
Cauã acordou
bem cedo naquele dia, escovou os dentes e foi até o quarto de Luiza. Era domingo
e ele queria levar ela e Pedro ao parque. Acordou os dois:
  - Ei princesinha do tio, esta na hora de
acordar... Que tal se agente fosse ao parque brincar um pouco?
  Luiza abriu os olhinhos devagar, ainda sem
entender muita coisa e sorriu para o tio. Levantou e foi para o banheiro lavar
o rosto, enquanto isso Cauã fazia a parte mais difícil: tirar Pedrinho da cama.
Os pais de
Luiza iria embora na terça feira, enquanto seus pais iriam ficar mais um dia.
Ao descer as escadas, percebeu que o tempo não ajudava. Ventava muito e a chuva
caia devagar. Ele foi ate a cozinha e viu Bia e sua mãe preparando o café.
Luzia estava em pé perto do fogão fazendo bolinhos de chuva.  Um cheiro gostoso de chocolate quente invadiu
toda a cozinha:
  - Bom dia, mulheres lindas da minha vida!
  - Bom dia, filho. Já de pé uma hora dessas?
  - Pois é... Acordei animado  hoje! Iria levar as crianças ao parque, até
acordei eles, coitadinhos, mas o tempo não me ajudou.
  - É verdade, o tempo hoje esta castigando!
Está um frio terrível... E o senhor, - Disse olhando para os pés de Cauã. –
Trate de colocar uns chinelos nesses pés, não quero ver ninguém pegando um
resfriado aqui!
 Terminou dizendo dando um beijo na cabeça de
Cauã, que estava sentado na cadeira.
“Como era
engraçado o amor de uma mãe, mesmo ele já adulto, ela ainda o tratava como uma
criança” – Cauã pensava.
De repente, ouviu
a voz da pequena Luiza:
  - Tio, esta muito frio pra gente sair...
 Cauã analisou aquela pequena criaturinha com pantufas
rosa, tremendo de frio, parada na porta da cozinha. Ele sorriu:
- Hoje esta
muito frio mesmo!  Mas porque, ao invés
de irmos ao parque, não tomamos um chocolate quente bem gostoso que sua vó esta
fazendo junto com uns bolinhos deliciosos que a tia Luzia esta preparando,
depois vamos assistir o filme que agente comprou semana passada... E mais tarde
montamos aquele quebra-cabeça que você ganhou ontem de aniversario?
  - Oba! Tio Pedro, vamos lá no quarto comigo
buscar o filme...
 Pedro pulou do colo da mãe e saiu correndo
atrás de Luiza em direção ao quarto.
  - Você tem muito jeito com crianças, Cauã.
Tem uma paciência enorme. - Disse Luzia.
  - Porque não arranja uma pra você? – Agora
era Bia que falava.